Um lugar chamado Entropia
Um lugar chamado Entropia. Um reino escondido, esquecido no
tempo. Com florestas com cores que iam de rosa a verde. O ar estava sempre com
uma camada de névoa. Fresca, reconfortante. Para qualquer lado que se olhasse,
havia esse ar úmido. Agradável. Ali havia uma amanhecer eterno. Não havia meio
dia, não havia noite. Aural nunca se esquecia como gostava de encontrar o Sr. R
naquele lugar. Os dias eram lindos.
Mas aquele dia não era um bom dia.
Há algumas coisas a explicar sobre o reino de Entropia. Ele
não é lindo por inteiro. Ele tem um subsolo. Um lugar cheio de cavernas e
túneis, local para onde toda a sujeira fora varrida e escondida. Para lá, um
dia, foi varrido um dragão chamado Ucrem. Era um dragão doente, não conseguia
exalar chamas. Ele apenas exalava um ar venenoso, que matava a todos em questão
de minutos. A partir de então, ele passou andar pelos túneis, preso por dois
soldados com máscaras. Ele não tinha mais vontade própria. Apenas os obedecia.
Todos os moradores de Entropia precisavam todos os dias
descer da floresta e usar os túneis para se locomoverem. Havia o medo das
cavernas escuras, mas o principal medo era por alguma coincidência dar de cara
com Ucrem.
Por conta disso, todos andavam com um pote de vidro, que
eles chamavam de “pomada”. Não haviam muitos remédios por ali. Pomada serviu
como nome.
Era uma extração de sangue do dragão, rara. Todos andavam
com um vidro dela. Ela tinha que ser esfregada sobre o peito, sobre o coração,
caso se respirasse o hálito do dragão.
Baldo era parente próximo
de Aural e havia perdido seu vidro. Aural lhe emprestou o seu. Mas como
eu dizia, não era um dia bom. Ele e o Sr. R estavam na floresta, discutiram e
Baldo o atacou com uma adaga, pelas costas. Ele sacou a espada, girou o corpo e
o decapitou. Revistou suas roupas, de forma fria, e viu o frasco com o nome de
Aural. Entendeu onde ela estava.
Ela estava no pior lugar possível. Acabara de dobrar um
túnel a direita e dera de cara com a Lagoa Nua. Era uma saída. Era mergulhar,
nadar por baixo d’água e sair na floresta. Mas Aural não sabia nadar. Morria de
medo de água.