A Torção

A Torção
Eu me lembro exatamente do dia da luta. Era um campeonato de judô. Eu lutava com um cara um pouco maior que eu. Não foi culpa dele. Eu posicionei minha perna de forma errada e ele aproveitou a oportunidade. Meu joelho sofreu alguma lesão que me acompanha até hoje.
A dor me acompanhou até o vestiário. Meu cérebro só passava pela dor em meu joelho. Eram choques de dor. Acho que foi o dia em que aprendi a lidar com a dor. Assim como todas as sensações, a dor é apenas uma sensação. Pense em outra coisa e você a esquece.
Houve uma discussão entre eu e meu professor. Ele não queria que eu voltasse, para me preservar. Eu queria pisar de novo no tatami e ter a chance de reencontrar quem havia me machucado. Meu professor cedeu. Eu falhei. Não reencontrei nas chaves aquele que me machucara. E não saí vencedor, aquele dia. Mas...
Algo ficou gravado em mim, aquele dia. Eu caí de novo várias vezes. Em algum momento, meu joelho não doía mais. Anestesia, talvez? Acho que não. Sentido de propriedade. Sentido de estou fazendo o que tenho que fazer.  Sentido de “foda-se, eu não vou parar”.
Foi naquele dia que aprendi a acreditar, a não desistir a não ser que eu decida. Tudo isso é apenas uma analogia para o que passei esta semana, com minha atual ex namorada (nossa relação não é tão simples)...  
Aceitei por A mais B que minha garota havia desistido de mim. A princípio, desisti dela por respeito. Mas eu a guardava em meu peito, ainda. E então armei um plano para reconquistá-la.
Tremi até o último minuto. Aceitava tê-la perdido. Mas era só da boca pra fora. Por dentro, eu era só medo. Uma criatura assustada. O plano era simples: um bolo e algumas bexigas. Parecia pouco demais pra funcionar. Mas era o que eu tinha.
Eu a vendei e brinquei um pouco com ela. Então posicionei o bolo em frente a ela e esparramei as bexigas pelo chão. A bexiga que estourou antes da hora vai queimar no inferno. Maldita... Ela descobriu o plano. Mas foi nesse momento que minha menina voltou. Ela fingiu que não vira nada.
Em seguida mostrei o bolo – bonito que só! – e retornou aos meus braços. O ano está acabando, mas já elegi o melhor momento do ano.
Como ela me abraçou gostoso. Como ela me fez sentir criança. Ela sentou em meu colo. Me beijou. Eu disse “Seja bem vinda de volta.” Horas depois, ela me disse “Me pede em namoro de novo?”
Menina pilantra...
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