Vezes

Vezes
Às vezes me pego indo dormir e pensando nela. Não é bem às vezes. É cotidiano.Muitas vezes abraço uma almofada e durmo pensando nela. Não muitas vezes. Mas são todas as vezes. Tem vez em que me imagino contando uma história a ela. Imagino ela me dando atenção e rindo ao final. Ela sempre ri.
Várias vezes lembro do corpo dela.  Seu peito, suas coxas me abraçando, sua cabeça em meu ombro. Há vezes em que a odeio por sua moral. Garota boazinha. Uma princesa que estuda direito e medicina deveria ter mais prática em enganar e matar...
Mas sempre há vezes em que não consigo esquecer dela. Vezes em que quero ela mais vezes. O sorriso bobo que ela me dá. A chatice de ela ficar pegando meus braços. O ódio de brigar por ela ter pego gosto de bater em meu peito e ombros. O sorriso bobo, bobo, bobo. Inocente e bonito. Capaz de superar – que ódio – os tapas que ela dá em meu peito. Mas eu quero ela outra vez. Vezes e mais vezes.
Enganar e matar...
Que bela ironia, não acha? Contamos tudo um ao outro e nos sentimos plenos quando estamos juntos. Damos vida a nossas existências. E fé em acreditar um no outro. Ironia pura.
Quando fui me levantar, no sábado a tarde, passei por cima de você. Adoraria ver seu rosto e te beijar, adoraria que fosse perfeito e nossos rostos se encontrassem... Mas, as vezes, as coisas são perfeitas. Você despertou e procurou minha boca. Que momento especial.
Enganar...
Até quando você me enganou foi bom. Imaginei como iríamos conduzir as coisas. Dorothy com seus sapatinhos amarelos e o Chapeleiro Maluco com suas neuras. Nosso filho seria um bebê travesso com jeito de gato, aparecendo e desaparecendo em cada canto da casa.
Matar...
Pois é. Você matou algo. E é responsável por isso. Coisas ruins morreram em mim depois de te conhecer. Lembra do Pequeno Príncipe? “Você é responsável pelo que cativa.”
Que bichinha...
Nosso lema vai ser bem diferente:
“Leve flores ao que enterrou”.
O cortejo do que é ruim em nós e tentamos deixar para trás. Nossa forma de não esquecer que temos que cuidar para não fazer novamente o mal. Cativa em mim o gosto por ter enterrado coisas ruins. E cultive as flores ao redor delas, para que não nos esqueçamos do que já passamos.Assim, as vezes, nos lembraremos de coisas boas e ruins. E lembraremos às vezes de como é bom ser feliz.

As vezes, né?

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