Dona Miriam
Que ser é a mãe? Como consegue, com poucas palavras nos levar do inferno até o céu ou mesmo vice versa, na mesma velocidade?
Ser que por mais que você brigue, não te sai da cabeça por um momento. Chega a ser preferível dar o braço à torcer e ceder em uma discussão só para não passar alguns dias aflito, até tomar coragem de falar com ela.
E eu ainda permito que os problemas do mundo me afastem dos poucos momentos que posso ter com ela. Como sou idiota.
Como lembro de cada bronca e de cada dodói meu que ela cuidou...
E lembro que quando eu tinha seis anos pensava que quando crescesse, iria casar com ela! Que coisa, ainda não encontrei uma capaz de se igualar a ela.
Mas eu tenho que ter esse coração de ferro, que não permite meias palavras, que não aceita as lágrimas, que não aceita ser vencido... E para quê? Pra ficar novamente mais uns dias deprimido pensando nessa mulher.
Ah, como seria bom voltar àqueles dias em que as únicas preocupações eram trazer boas notas para casa, não esquecer a blusa, porque ia esfriar, e nem o guarda-chuva, por que ia chover!
Lembro como foi triste a partida de minhas avós e como seria a falta dela para mim. Vou dizer que não imagino como seria? Imagino sim, a cada vez que brigo com ela e fico dias sem vê-la. É como se fosse uma porcaria de um ensaio para o momento mais difícil da vida de um filho. Que burrice.
Te amo muito, mãe. Espero ter dias felizes à seu lado. Porque nem o dia de sol mais forte fica claro sem suas palavras.