Miguel
Miguel Miguel não se sentia alguém crente, fiel ou religioso. Não dava muita atenção a tudo isso. Igrejas, templos, bíblias, Maomé ou Jesus. Nada disso lhe importava. Não precisava. Um homem que vê anjos, conversa com eles e ganha seus favores não precisa de fé. Estava tudo ao seu redor o tempo todo. Se enquanto tomasse cerveja sentado em uma cadeira na praia e uma garota de biquíni passasse e lhe atraí-se, era só pedir a um anjo e essa inocente era cortejada pelo próprio anjo e atraída até ele, sem que ele nem precisasse tirar o boné para cumprimentá-la. Quando pensava em trocar de carro, não precisava ir até uma agência. Seu advogado lhe ligava e explicava quais documentos assinar após o falecimento de um parente mais velho. Transferia o veículo e voltava a curtir um carro novo. No dia em que uma ficante lhe contou que estavam esperando um filho, ele se trancou em desespero no banheiro do apartamento. Queria pedir ajuda a um anjo. Com o passar dos anos, percebera que um anjo...